MARCAS DO SUL

...Da outra pátria que existe dentro de nós, e que se chama RIO GRANDE DO SUL

IMAGENS DE CAMPO E QUERÊNCIA

(Imagens de Jairo Velloso)









 (fotos de Marquito Moraes)


































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(fotos de Jairo Velloso)
















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(fotos de João Antunes)











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O GAÚCHO



O termo originou-se na língua indígena da descrição de pessoas de hábitos nômades, ciganos, moradores em barracas ou tendas, brancos pobres, de miscigenação moura, vinda da Espanha - fugidos que viraram índios ou índios aculturados pelas missões que não possuíam terras e vendiam sua força de trabalho a criadores de gado nas regiões de ocorrência de campos naturais do vale do Rio da Prata, entre os quais o pampa, planície do vale do Rio da Prata e com pequena ocorrência no oeste do estado do Rio Grande do Sul, limitada, a oeste, pela cordilheira dos Andes.

O gentílico "gaúcho" foi aplicado aos habitantes da Província do Rio Grande do Sul na época do Império Brasileiro por motivos políticos, para identificá-los como beligerantes até o final da Guerra Farroupilha, sendo adotado posteriormente pelos próprios habitantes por ocasião da pacificação de Caxias, quando incorporou muitos soldados gaúchos ao Exército ao final do Confronto, sendo Osório um gaúcho que participou da Guerra do Paraguai e é patrono da arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, quando valores culturais tomaram outro significado patriótico, os cavaleiros mouros se notabilizaram na Guerra ou Confronto com o Paraguai. Também importante para adoção dessa imagem mítica para representação do Estado do Rio Grande do Sul é a influência do nativismo argentino, que no final do século XIX expressa a construção de um mito fundador da cultura da região.

Na Argentina, o poema épico Martín Fierro, de José Hernández, exemplifica a utilização do elemento gaúcho como o símbolo da tradição nacional da Argentina, em contradição com a opressão simbolizada pela europeização. Martín Fierro, o herói do poema, é um "gaúcho" recrutado a força pelo exército argentino, abandona seu posto e se torna um fugitivo caçado. Esta imagem idealizada do gaúcho livre e altivo é freqüentemente contrastada com aquela dos trabalhadores mestiços das outras regiões do Brasil.

Os gaúchos apreciam mostrar-se como grandes cavaleiros e o cavalo do gaúcho, especialmente o cavalo crioulo, "era tudo o que ele possuía neste mundo". Durante as guerras do século XIX, que ocorreram na região, atualmente conhecida como Cone Sul, as cavalarias de todos os países eram compostas quase que inteiramente por gaúchos.

  



RETRATO DE PÁTRIA Y QUERÊNCIA

A origem legendária do centauro gaúcho, não foi programada através de fluxos culturais dirigidos. Seu nascimento é o reflexo vivo de uma região pastoril que floresce xucra e livre como os ventos, pois brotou do ventre da pampa com espontaneidade, para preencher com raça, a era do couro e do fogo.

A força telúrica através da sobrevivência do ser isolado forjou em silêncio o homem que levantaria sua estatura de pátria na terra gaúcha.

Por certo, é que, lembrando Moisés na estória do Egito, este homem surgiu um dia das águas, atraído pelas madrugadas terruinas do novo mundo, incorporando-se aos filhos nativos desta terra baguala, numa dimensão maior de Pátria e Querência, e se fez senhor de si, formando-se raça espiritual, crescendo livre pelos campos, onde o homem vale por suas ações, independente de raça, credo ou cor.

Pátria e Querência não podem ser diferentes. Querência é Pátria na semente, e Pátria, é a Querência grande que nasceu dentro da gente.

Hoje, em cada gaúcho, chimarroneia num silêncio atávico, um guerreiro consciente que veste armadura de coragem, cujo brasão foi forjado no instinto de liberdade e norteado pelo grito ancestral, de Pátria e Querência.



O Rio Grande em imagens e versos
Remansosa

"...O mouro sacode as crinas parecendo entender
que a falta de um bem querer é a razão da estrada
pra quem só tem madrugadas, e um sonho para viver...

Quem sabe alguma linda se agrade deste paisano
 
e tenha sonhos e planos e um amor pra me entregar
um brilho terno no olhar e um cheiro de flor do campo,
um catre cheio de encantos e um mate pra me esperar.. "

A piazita

"...Brilha em cima do rancho
uma estrela luzidia,
todo menino é Jesus
e toda mãe é Maria...
Quando a vida abre porteiras
de longe vêm os parentes,
sob manto de seus ponchos,
trazem humildes presentes..."

Água pros pingos...

"...Descendo a corrente,
uma flor de aguapé
prendeu-se na argola
da rédea caída...
Quem sabe até seja
uma alma serena
querendo apegar-se
de novo na vida.. "

De estirpe farrapa

“...Foi aqui que se fundiram
aqueles velhos modelos
que serviram de sinuelos
da Pátria que constituíram,
e a isso se propuseram
- e nunca se detiveram
porque nunca se detinham -
pra perguntar de onde vinham
nem pra saber quantos eram...”

Campos Neutrais

“...Mandei patas na distância,
por vezes me demorei
Na volta juntei sementes
das terras por onde andei
Semeando com liberdade,
sempre colho o que plantei
No povo de cada um,
que se igualem as bandeiras
Em mala suerte comum,
existem causas parceiras
Se o homem acha o caminho,
a estrada é companheira
Não paro, tenho pressa,
eu ando abrindo porteiras
Os horizontes nativos
irmanaram as fronteiras... “

Forma, cavalo !

“…Trago tropa na retina
destes meus olhos cansados
Malaya que judiaria,
pela idade fui pealado,
nos bretes da cidade
hoje vivo encurralado...
Levanto às vezes sonhando
e grito - Forma cavalo !
Me acordo e volto pra cama,
de triste fico acordado
lembrando tropas de outrora
marchando no meu passado …”

Equilíbrio

"..Vinha o tordilho,
escabelando macega,
dando coice nos 'cachorro',
manoteando as ''maçaneta'...
Se vinha o pardo
mais firme do que um palanque,
dava um grito e um rebencaço
e ajoujava com as roseta..."


A bota garrão...

“...-Deixai-me dizer  das coisas que tive:
aperos de luxo, barbela de prata,
rédeas sovadas, bombilhas de ouro;
badana de pardo, lombilho enfeitado.
retovo trançado, estrivo de couro,
guaiaca recheada, as pilchas de luxo!
Um pala franjado, ceroulas de crivo;
o meu chiripá de beira riscada;
o meu tirador, de flecos compridos;
as minhas chilenas, riscando as entradas.
Meu lenço encarnado, o sombreiro quebrado,
a bota garrão, que eu mesmo fazia... “

Gente da minha gente

"...Esta cantiga baguala
é o idioma dos bravos
que se fizeram escravos
do mundo e da própria sina
e aos poucos os discrimina
mas não lhes tira o direito...
São tauras do mesmo jeito,
essa é a razão que se acha,
pois um homem de bombacha
merece todo o respeito..."
 
Espora e tempo

Quando apresilho as esporas
nas volteadas domingueiras
pelas festas do rincão
risco o pelo do cavalo
num misto de índio e galo
trabalhando o esporão.

Meu pago...

“ ...Cavalos, gado,
campos, armas, sedas,
relíquias guascas
que à memória trago
perderam-se
nos rumos e veredas
por onde andou
a história do meu pago... "

De espuela y guardamontes...

"...Fui jinete
de espuela y guardamonte
y le pago
mi deuda al compañero:
al picazo, al lobuno,
al estrellero
al de la selva virgen
y al del monte...."

Rumbeando

"...E quem solito a estradear se solta,
talvez se perca e não encontre a volta,
porque esta estrada nunca chega ao fim...
E eu que persigo os sonhos nas distâncias,
fico, por vezes, procurando por mim.
O estilo platino
"Das barrancas do Uruguai
aos obeliscos da Linha
uma irmandade caminha
e tempo adentro se vai
porque a liberdade atrai
os que peleiam por ela,
e a Fronteira é uma janela
aberta sem venezianas
que a outros pueblos irmana
a Pátria verde e amarela"

Tempo de refletir

“… De lá,
só repontarei fantasmas de novilhos haraganos
e cinzas de planos que douraram os anos
de um andar intenso, vivas cores de um lenço
floreando o pescoço de um moço
crente na certeza e beleza de chegar...
Ah! Leves jornadas e breves caminhos!
Ah! Contos de outrora, cantos de espora
findando e virando os prantos de agora ...”

Véu da tarde

“... Caminhos, rumos de sombras
que a luz esquece, são tantos...
A sombra densa da noite
que estende o poncho nos campos
descobre os anseios tortos
pela luz dos pirilampos... “
vou, a do largo, repontando as ânsias
que se entropilham ao redor de mim..."
Universo da Fronteira
Por andar, se mudaram horizontes...
Os gaudérios cruzaram rios e montes,
levando a adaga por salvo-conduto...
Índios, mestiços, lusos, castelhanos
abriram rumos sem levar bandeiras
que demarcassem posse do chão bruto,
povoando a terra sem criar fronteiras
pras patas dos cavalos dos vaqueanos...
Por isso é que o gaúcho é raça andeja...
Nasce do campo e, onde quer que esteja,
é um nativo sul-americano...
Fez a cavalo a história desta terra,
na culatra das tropas quando em paz,
na vanguarda das lanças, quando em guerra”

Piazito

“...Tchê, me perdoa, guri
se te deixei e cresci,
te trocando pela lida...
É que pra sobrevive,r
fui obrigado a crescer,
acossado pela vida...
Não fica triste, guri,
se te deixei e cresci,
trocando o pião pela pá...
Por ser enteado da fome,
eu fui brincar de ser homem,
sem ter tempo pra ser piá...”
O sentinela
"Teu grito a campanha corta,
publicas na noite morta
em teus clarins alarmados
o atalho dos cruzadores,
a astúcia dos desertores
e os mais ariscos rumores
dos passos dos namorados"


A República
“...É a voz da terra nativa
que antecipa Oitenta e nove,
pois a diretriz que a move
é a Pátria Federativa,
sublime chama votiva
dessa jornada imortal,
crioulo marco inicial
do Brasil Republicano
encravado em chão pampeano
nos varzedos do Seival...”
Banhado em lua
“Duas estrelas limadas
- luzindo em garrão de pua –
e um pingo banhado em lua
na lhanura abarbarada,
na pampa verde azulada
onde ainda sou bandeira
- sou Pátria e raça campeira –
no lombo do descampado
- neste pingaço entonado –
meu lunarejo fronteira... “
Retrato campeiro

"...Rebanho flor de 'ideal',
capricho mantendo a raça,
serviço velho rural
pra o matraquear da comparsa..."
Crinando
"Faz muito tempo que eu arrodeio tronqueiras
Sou índio xucro, domo potro e gineteio
Quando piazito, embuçalei meu destino
Por ser teatino, me agrada o choro do arreio"
Desfilando com o pai
"Se me fosse concedido
pelo Ser Onipotente
que eu escolhesse um presente,
algo de grande e querido,
o meu supremo pedido
seria voltar distância
à primeira ignorância,
mais doce do que uma flor,
eu pediria ao Senhor
que me devolvesse a infância!
O carancho
“Na ‘arve’ alta, repimpado
co’ um ninho que é um palacete,
com o papo superlotado,
com ares de caudilhete,
é um figurão – dos temidos
e o quero-quero, o indomável,
não aponta o responsável
pelos cordeiros comidos”
Olhar comprido
"E o meu cavalo, que "lhe gusta" ouvir um silvido,
olha comprido e põe tenência nas orelhas,
enxerga o gado e o assobio sai tão sentido
que acende o sol num gravatá crista vermelha"
Espora e rebenque
“Um rebenque, um freio, um par de esporas,
restos de história onde a saudade esbarra...
Quem já foi tropa mas é tento agora,
afina o coração pela guitarra...
Nasci onde nasceu o Continente,
sou do tempo das tropas e manadas,
pintei de rubro o cerne desta gente,
gastei poncho e cachorro nas estradas...”
Hora do mate
"Nas horas lentas do mate,
a tropilha dos recuerdos
vem pastar a tenra grama
dos varzedos interiores
O poema brota rindo
como vertente de cerro,
como cascata de arroio,
para encerrar no piquete
esta potrada gaviona
que dispersou-se a lo largo"

O tajã
"...Na costa, a sombra espichada
dos santa fés acordando,
pêlos de lontra brilhando
nas barrancas da lagoa,
e assim a vida encordoa
sobre o lombo da manhã,
enquanto um grito de tajã
pelo varzedo ressoa..."
Mirando um céu brasino
“...O brasedo invade cernes,
há um lúcido momento,
berra uma estrela perdida,
nublada de sentimento,
clareiam fogões guardados
no galpão do pensamento...”
Por la calle
“Florecí como florecen
esas matitas camperas
de viento en las pasajeras lluvias
que al campo estremecen...
Supe andar entre las mieses
sin dejar de ser un yuyo,
envuelto en mi poncho puyo,
yo anduve de peregrino
aprendiendo del camino
hasta el mínimo murmullo...”
E o mango colgado...
"Nos entreveros da dança,
na faca dependurado,
andaste, relho prateado,
como pra um quero, no jeito,
sempre olhado com respeito
por muito taura manheiro
que pagou vale ligeiro
depois de ganha a parada
para fugir da mirada
do teu olhar caborteiro!"
Prece
“A ti, meu velho querido,
joelhos no chão, te ofereço
este rústico adereço,
trançado de couro cru,
e esta prece de xiru,
que rezo, trançando os dedos,
já que não guardo segredos
pra um amigo que nem tu

Aporreados

"...Choveu à noite,
é madrugada, mal clareia...
Já na mangueira,
a cavalhada que é um colosso
parece aluada,
não forma, não cabresteia,
morde, coiceia,
corre em volta num retoço..."
Na roseta das esporas
Meu pingo bem aperado,
a cola atada num cacho


pisa de leve no chão,
e as esporas tilintando

são estrelas cincerreando,
nas presilhas do garrão.
As tobianas-capinchas

"...E dali ganhei o mato,
abaixo de tiroteio
inda escutava o floreio
da cordeona do mulato
e, pra encurtar o relato,
me bandeei pra o outro lado,
cruzei o Uruguai, a nado,
que o meu pingo era um capincho
e a história desse bochincho
faz parte do meu passado... "
Pelas "oreia"...

"... As rédeas vergando o braço
o rebenque alucinado,
olhar atento às orelhas,
focinho apartando o pasto,
adiante um sol de setembro,
flores disformes no rastro.
- Bufos e gritos, são prosa
na rudez desse dialeto..."
Num basto

“Pátria, querência e nação,
trindade que hoje revivo,
e essa Pátria quem governa
é a força das minhas pernas
e as botas firmes no estrivo
Sou mais um dos campeadores
que fez a Pátria num basto,
sou parte desse universo,
sou um pedaço de verso
e do Rio Grande sou rastro,
tenho minha pátria num basto ...”
A andorinha

"Veio em Setembro ou Outubro,
em Março ou Abril se vai
pras terras dos seus avós
sem pensar que, em despedida,
nos leva um ano de vida
da vida de todos nós..."
Amigos

“... Pois amigo não se impõe,
não cabresteia, anda do lado...
já num peitaço, troca de orelha
e faz parelha pro mesmo arado
então te achega, amigo velho, puxa um banco,
‘proseamo’ um tanto que, depois do chimarrão,
eu puxo as garras e tu montas no tostado...
me faz costado pra encilhar um redomão”
O chimango

“...Pra les contar a vida,
saco da mala o bandônio,
a vida de um tal Antônio
Chimango - por sobrenome,
magro como lobisome,
mesquinho como o demônio...”
Campeiro

"Seu nome - nunca se soube
nem ele mesmo sabia.
Numa noite muito fria
deu 'oh de casa' na estância
Vinha de longa distância
dos fundos da noite grande,
mas nos galpões do Rio Grande
isso tem pouca importância"
Ponta da adaga

"...Levando o vento no peito,
pelo Pampa, um dia, andei,
alargando os horizontes
que eu mesmo redesenhei...
E os mapas que risquei
a lança e ponta de adaga
estão nas folhas dos livros
que a memória não apaga ..."
Mãos campeiras

"Não vou cantar tuas mãos sofridas no trabalho,
mãos que empunharam lanças, espadas e trabucos
e a rabiça do arado, e a boleadeira e o laço
quando a faina da guerra sucedia
o silencioso labor do amanho a terra
e o campeiro lidar do pastoreio
Não vou cantar o que foste,
vou cantar o que és, peão de estância..."
Se esparramando...

"... Num grito de – Abre a porteira –
tropilha se esparramando...
A potrada se trompando
contra as 'égua' na saída
mais lembrava um olho d`agua
que, da terra, ia surgindo
e serpenteava sumindo,
por entre a várzea comprida.... "
Porteiras

"Aprendi que as porteiras
são feitas pra despedidas
Se partes, também se parte
em pedaços, minha vida
Tu tens o cheiro do campo,
o silêncio da campina
Num simples abano de lenços,
amor que é amor não termina"
Guri... 

"Quem foi guri, que se criou pela campanha
correndo os campos com açudes de aguada
fazendo arte no arvoredo e na mangueira
enquanto os homens descansavam na sesteada
Quem traz em si este guri que trago em mim
sabe que o tempo não apaga da memória
toda a doçura que a infância nos concede
do mel campeiro, das pitangas e amoras"
Hora da sesta

“No galpão, tudo é silêncio...
a cachorrada cochila
e a peonada se perfila,
estirada nos arreios,
só se escutam os floreios
da mamangava lobuna
fazendo zoada importuna
nos buracos dos esteios”
Pela janela

"Não sei, morena, se um dia
ainda ergo um ranchito,
santa-fé, desses barreados,
com sonhos dependurados
pela vida das paredes...
suor mesclado na terra
com silêncios nas janelas,
Matutando

"Estas cenas que me abrem
consciência para o passado,
para o mundo do outro lado
- na querência de quem parte -
mais sincero será o mate
sem refugos por bandeira
a alma olha a porteira
quando Deus faz o aparte"
A mangueira de pedras

"Minha alma inteira
se formou com o tempo
das cercas de pedras
destes mangueirões
e, nem que este tempo
me cobre o preço,
não troco estas pedras
por alguns moirões"

 Guerreiros
" ...Não fosse a lança certeira,
sangrando guerreiros

por um ideal...

Não fosse o grito das pedras

que as sogas conduzem

no bem e no mal...

Cada garrucha é uma boca gritando

que os tauras não vão se entregar...

Quem for farrapo, dirá...

Quem for farrapo, sempre será... "


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O RIO GRANDE DO SUL E SUA CULTURA


O CTG - Centro de Tradições Gaúchas




O MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho define Centro de Tradição Gaúcha - CTG como uma sociedade civil, de fins não econômicos, com número ilimitado de sócios e estruturada, inclusive quanto ao simbolismo, de acordo com a forma adotada nas origens do movimento tradicionalista gaúcho, tendo como finalidade a aplicação, em seu âmbito associativo e na sua área de influência, dos princípios e objetivos, publicados na Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista Gaúcho. De acordo com este simbolismo, a estrutura administrativa dos Centros de Tradições Gaúchas obedece à seguinte nomenclatura: Patronagem, Conselho de Vaqueanos e Invernadas.

A PILCHA

Pilcha é a indumentária gaúcha tradicional, utilizada por homens e mulheres de todas as idades. O CTG disciplina o seu uso e no estado do Rio Grande do Sul é, por lei, traje de honra e de uso preferencial inclusive em atos oficiais públicos. É a expressão da tradição, da cultura e da identidade própria do gaúcho, motivo de grande alegria e celebração em memória do pago.

O MTG, reunido na 67ª Convenção Tradicionalista Gaúcha definiu as diretrizes para a Pilcha Gaúcha. Define três tipos de indumentária igualmente para peões e prendas:

1) Pilcha para atividades artísticas e sociais 2) Pilcha Campeira3) Pilcha para a prática de esportes (truco, bocha campeira, tava, etc)
De acordo com a Lei Estadual nº 8.813, de 10 de janeiro de 1989, a forma como a indumentária gaúcha tradicional deve ser utilizada deve seguir as recomendações do Movimento Tradicionalista Gaucho (MTG), considerado a autoridade maior da preservação da cultura gaudéria. Entre os principais pontos, destacam-se: a largura das pernas da bombacha devem coincidir com a medida da cintura; ou seja, uma bombacha com 40cm de cintura deve ter 40cm de largura em cada perna.

CURIOSIDADES


O lenço vermelho -maragato - e o lenço branco -ximango - são os mais tradicionais, identificando, na Guerra dos Farrapos (1835-1845), na Revolução federalista (1893-1895) e na Revolução de 1923, os diferentes lados envolvidos nas contendas. É corrente o uso dessas cores para demonstrar simpatia/concordância com maragatos ou ximangos.

Em determinados CTGs não se permite à participação nos bailes de peões ou prendas que não estejam adequadamente pilchados.

Peão é o homem gaúcho, prenda a mulher gaúcha, guri o menino gaúcho e piá a criança gaúcha.

Pago é a terra natal do gaúcho, querência é onde está morando. É comum ouvir: "Meu pago é Uruguaiana mas estou aquerênciado em Bossoroca"
O MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho
O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) é uma entidade cívica, sem fins lucrativos, associativa, dedicada à preservação, resgate e desenvolvimento da cultura Gaúcha. Compreende que o tradicionalismo é um organismo social de natureza nativista, cívica, cultural, literária, artística e folclórica.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho encontra-se presente nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Planalto Central (FTG-PC), Rio de Janeiro, Mato Grosso, Amazônia Ocidental, Estados no nordeste (UTGN) e São Paulo, onde promove, junto aos CTGs, eventos como os Concursos de Prendas, de Peão, Palestras e Cavalgadas, além da Semana Farroupilha, que comemora o 20 de setembro, Dia do Gaúcho.
No Rio Grande do Sul, o MTG foi fundado em 27 de novembro de 1967. No Estado, atualmente, são mais de 1400 entidades filiadas ao Movimento Tradicionalista Gaúcho, distribuídas em 30 Regiões Tradicionalistas (RT), que abrangem a totalidade dos 500 municípios sul-riograndenses.

No VIII Congresso Tradicionalista, realizado entre 20 e 23 de julho de 1961, no CTG "O Fogão Gaúcho", em Taquara, foi aprovada a Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista Gaúcho.



O CHURRASCO

O churrasco nasceu quando o homem aprendeu a dominar o fogo, nos primórdios da civilização, mas precis ou esperar milhares de anos até encontrar um povo que o transformasse em religião. Essa fé celebrada a cada domingo em grande parte dos lares gauchos é como um ritual, onde um gaúcho se coloca diante do altar-mor, a churrasqueira, para o rito de assar e comer carne.


A explicação para que um prato ancestral se confunda de forma tão completa com um povo recente está na História. A formação do Rio Grande do Sul se confunde com a presença e a evolução do gado no terrtório gaúcho. É um processo que com eça no século 17, quando a região dos pampas era uma terra de ninguém, habitada por indígenas e situada a meio caminho entre centros coloniais da Espanha, ao sul, e de Portugal, no norte. Era uma época em que nosso estado não era o Rio Grande e em que sequer pertencia ao Brasil. Oficialmente era território espanhol.

A partir de 1626, jesuitas europeus começaram a chegar a essa região para fundar as missões. Quando as aldeias cresceram, tornou-se necessário obter uma grande quantidade de animais para a exploração da pecuária. Esses animais estavam do outro lado do Rio Uruguai, em Corrientes, na atual Argentina. O padre jesuita Cristóvão de Mendonza foi encontrá-los na fazenda do português Manuel Alpoin. Adquiriu centenas de bois, vacas e cavalos e trouxe-os para o lado de cá do Rio Uruguai. Nascia o rebanho gaúcho. Logo depois, bandeirantes paulistas descobriram essa riqueza. Além de capturar os índios, passaram também a pilhar o gado, que era feito por índios, portugueses, espanhóis e aventureiros. Acredita-se que assim, nascia o churrasco gaúcho. Numa época que o couro tinha um grande valor comercial, os predadores removiam-no para transportá-lo, e deixavam quase toda a carne. Porem, nem toda. Comiam uma parte. E a forma de prepará-la era a que estava à mão naquele fim de mundo: no chão, com um braseiro de lenha, assavam a carne espetada em pedaços de pau. O tempero era apenas sal grosso. O único talher era uma faca.












TIPOS DE CHURRASCO

Do fogo de chão ao espeto corrido, o churrasco assumiu diferentes forma no decorrer do tempo.


CHURRASCO PRIMITIVO
Feito a céu aberto, geralmente de costela ou matambre. A brasa é de lenha e o tempero se limita ao sal grosso. O consumo também é no campo, ao redor do fogo, sem acompanhamento ou talheres. O campeiro tira nacos de carne diretamente do espeto para a boca.

CHURRASCO DE COURO

É uma modalidade em extinção, mas que ja foi comum na região da fronteira com o Uruguai e Argentina. Era feito com as partes trazeiras do boi, como a picanha e a alcatra, mas sem a retirada do couro, que ficava voltado para o braseiro primeiro. Depois o corte era virado.

ASSADO NO BARRO

Essa modalidade hoje em dia resiste em alguns pontos da Argentina. Acende-se o fogo em um buraco e espera-se até que aqueça. A seguir, os pedaços, ainda com couro, são colocados envoltos em barro. Depois acende-se o fogo por cima. Passado em torno de quatro horas, desenterra-se a carne e retira-se o barro.

DE LABAREDA

Quando era necessário matar a fome e tinha pressa, o campeiro, em um intervalo da jornada de trabalho, fazia um fogo forte, no qual se assavam pedaços finos de carne em pequenos espetos de pau.

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REDUÇÕES JESUÍTICAS
PATRIMÔNIO DO RIO GRANDE
E DO MUNDO


Além das belezas naturais, o Sul tem um dos maiores patrimônios históricos, tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade, as reduções jesuíticas. A república Guarani, que por cerca de 200 anos, ocupou áreas dos atuais Estados do Paraná e Rio Grande do Sul e ainda, o Paraguai, Argentina e Uruguai, onde foram edificadas dezenas de reduções - as missões - que levavam para as selvas do cone sul, no comando dos padres jesuítas, o esplendor da arte européia e um desenvolvimento urbano que muitas cidades não conheceram.

As reduções não eram aldeias, mas verdadeiras cidades que se instalavam na selva com toda a infraestrutura necessária, igreja que era o centro de tudo, hospital, asilo, escolas, casa e comida em abundância para todos que ali habitavam, possuindo inclusive, oficinas e pequenas industrias, onde se fabricava quase todos os instrumentos musicais e imprimiam-se livros em plena selva, alguns até em alemão. Possuíam observatório astronômico com boletins meteorológicos.

Nessas reduções começou a industrialização do ferro, a produção dos primeiros tecidos e a criação de gado no continente. Ocupavam essas reduções, os índios Guaranis e Tapes, atraídos pela pregação do evangelho dos padres jesuítas, que tinham a intenção de criar repúblicas teocráticas no continente, baseados na experiência socialista dos Incas, no Peru, onde ocorreu um fato semelhante. Habitavam a região, além dos Guaranis, os índios guenoas e charruas, os quais também os jesuítas tentaram catequizar. Ocorre que estes, eram inimigos mortais dos guaranis, vivendo em lutas constantes.

De tudo o que foi feito, resta muito pouco para ser apreciado. Mas, se é pouco, é suficiente para dar uma idéia do que aconteceu nas selvas do sul. A república guarani não conseguiu sobreviver ao golpe dado por Portugal e Espanha, que expulsaram os jesuítas e deixaram os índios sem qualquer coordenação, transformando-se apenas, em guerreiros nos diversos episódios militares ocorridos no Prata, sendo exterminados completamente, nos 60 a 70 anos que se seguiram à expulsão dos jesuítas.

A República Guarani pode ser visitada com facilidade, por estradas asfaltadas. Poucos dias são suficientes para admirar o que restou. Igrejas e casas de pedras semi destruídas pelo abandono, pelo descaso e pela depredação dos próprios moradores das vizinhanças. Algumas dezenas de imagens e de trabalho nas pedras das construções, são as últimas evidências dessa experiência teocrática.

Passadas tantas batalhas - no sentido literal da palavra -, essas igrejas e obras de arte não tem mais a riqueza de antigamente, com trabalho em ouro e prata, que os índios importavam do Peru, mas, com o que resta, pode se ter a certeza de encontrar na região, lembranças inesquecíveis.

AS REDUÇÕES PELO MUNDO

São Miguel - São Lourenço - São João Batista - São Nicolau (Brasil - RS)
San Ignácio - San Ignácio mini (Argentina)
Trinidad - Jesus de Tavarange (Paraguai)
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Iglesia mayor de Trinidad - reducion Santissima Trinidad - Paraguai

San Ignácio Mini - Argentina



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